Educação e Tecnologias: Mudar para valer!
A Internet, as redes, o celular, a multimídia estão revolucionando nossa vida no cotidiano.
Cada vez resolvemos mais problemas conectados, a distância. Na educação, porém, sempre
colocamos dificuldades para a mudança, sempre achamos justificativas para a inércia ou
vamos mudando mais os equipamentos do que os procedimentos. A educação de milhões de
pessoas não pode ser mantida na prisão, na asfixia e na monotonia em que se encontra. Está
muito engessada, previsível, cansativa.
As tecnologias são só apoio, meios. Mas elas nos permitem realizar atividades de
aprendizagem de formas diferentes às de antes. Podemos aprender estando em juntos em
lugares distantes, sem precisamos estar sempre juntos numa sala para que isso aconteça.
Muitos expressam seu receio de que o virtual e as atividades a distância sejam um
pretexto para baixar o nível de ensino, para aligeirar a aprendizagem. Tudo depende de como
for feito. A qualidade não acontece só por estarmos juntos num mesmo lugar, mas por
estabelecermos ações que facilitem a aprendizagem. A escola continua sendo uma referência
importante. Ir até ela ajuda a definir uma situação oficial de aprendiz, a conhecer outros
colegas, a aprender a conviver. Mas, pela inércia diante de tantas mudanças sociais, ela está se
convertendo em um lugar de confinamento, retrógrado e pouco estimulante.
O conviver virtual vai tornar-se quase tão importante como o conviver presencial. A
escola precisa de uma sacudida, de um choque, de arejamento. Isso se consegue com uma
gestão administrativa e pedagógica mais flexível, com tempos e espaços menos
predeterminados, com modos de acesso a pesquisa e de desenvolvimento de atividades mais
dinâmicas.
Passando pelos corredores das salas das universidades, o que se vê é quase sempre
uma pessoa falando e uma classe cheia de alunos semi-atentos (na melhor das hipóteses). A
infraestrutura é deprimente. Salas barulhentas, a voz do professor mal chega aos que estão
mais distantes. Conseguir um datashow na maioria delas é uma tarefa inglória. Muitas vezes
existe um único equipamento para um prédio inteiro.
É hora de partir para soluções mais adequadas para o aluno de hoje. Os adultos
mantemos o status quo, em nome da qualidade, mas na verdade nos apavoramos diante da
mudança, do risco do fracasso. Mas o fracasso não está bem na nossa frente? Quantos alunos
iriam a nossas aulas se não fossem obrigados? Há maior fracasso do que este?
A escola pode ser um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos
caminhos. Não precisamos romper com tudo, mas implementar mudanças e supervisioná-las
com equilíbrio e maturidade.
Manter o currículo e as normas, tal como estão, na prática é insustentável. As
secretarias de educação precisam ser mais proativas e incentivar mudanças, flexibilização,
criatividade.
José Moran Pesquisador, Professor, Conferencista e Orientador de projetos inovadores na educação Do livro “Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica”, Papirus, 21ª ed, 2013, p. 12-14 (com modificações).
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